É com as palavras de David Servan-Schreiber que retomamos o tema da criatividade, já aqui abordado. David Servan-Schreiber deixou-nos no dia 24 de Julho vencido pelo câncer que combatia há 20 anos. Com a sua obra-testamento “antes de dizer adeus” (On peut se dire au revoir plusieurs fois) este neuropsiquiatra deu-nos mais um presente de conforto e optimismo.
Como grande propósito deste novo ano lectivo, que começa, deixamos-vos a sugestão: Reinventarmo-nos, religarmo-nos a cada momento.
“Há uma bela imagem no romance Vendredi ou les Limbes du Pacifique. Michel Tournier fala do crânio de um búfalo suspenso de uma árvore, que deixa passar uma música quando o vento passa através dele. Quem produz a música: o crânio, o vento, ou o encontro dos dois?
Acontece o mesmo com a criatividade: cada um de nós, no decurso da vida, das experiências, é como este crânio de búfalo através do qual sopra a vida, gerando uma melodia perfeitamente inédita. Que sentimento de júbilo ao perceber que não é necessário ser artista para viver a vida como um processo criativo!
O que aprendi de essencial nos últimos vinte anos da minha carreira científica, é também a maior descoberta da ecologia moderna: trata-se da ideia simples e fundamental de que a vida é a expressão das relações no seio de uma rede, e não uma série de objectivos pontuais perseguidos por individuos distintos. É tão verdade no que respeita a formigas, girafas, lobos como a seres humanos. Pela minha parte, foi através das minhas relações com todos os que se apaixonam por estas ideias de ecologia humana que tive a sorte de exprimir a minha criatividade e de contribuir para a comunidade.”
David Servan-Schreiber
Muito obrigado por este seu posting. Comprei ontem este livro de David Servan-Schreiber que estou a adorar e que está a ser uma deliciosa confirmação do maravilhoso ser humano que foi (e na eternidade sempre será) o autor do livro Anticancro.
ResponderExcluirSe não tiver nada em contrário, vou publicar o mesmo excerto, que também adorei, no meu blog.
Melhores cumprimentos,
Manuel Filipe Santos.
Eu é que agradeço, Manuel, as suas palavras acolhedoras. Já fui "conhece-lo" no seu espaço e gostei muito. Vou voltar, com certeza, muitas vezes. Cá o aguardo também com alegria. Até sempre!
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