sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Da cozinha para a mesa em companhia



“A cozinha representa a construção da autonomia do homem face à natureza, a sua capacidade de se diferenciar e de ser. (…)
A cozinha é, por excelência, o lugar da transformação. É o lugar da instabilidade, da procura, da incerteza, das misturas inesperadas, das soluções imprevistas, das receitas adaptadas. A cozinha é o lugar da criatividade e da recomposição. É a metáfora da própria existência humana, pois distingue o homem, precisamente, esta capacidade de viver na transformação, numa mobilidade que não é só geográfica.”
José Tolentino Mendonça, Nenhum Caminho será Longo

 imagem tirada daqui
Podemos dizer que a história do homem se confunde com a história da alimentação. O domínio do fogo permitiu a passagem do “cru ao cozido” interpretada por Lévi-Strauss como o processo de passagem do homem da condição biológica para a social. Ou seja, a cozinha vai diferenciar o comportamento humano não só na sua vertente biológica, mas na sua vertente social pelo facto de fomentar as interações sociais à roda de uma mesa: Comer e beber em companhia reforçam relações de proximidade. À mesa temos um espaço/tempo em que, como nos diz José Tolentino Mendonça, “o contar se realiza ao contar-se”. Um espaço/tempo de convivialidade, de encontro, de reciprocidade. Ao partilhar a comida compartilhamos uma experiência dos sentidos. E, sobretudo, alimentamo-nos mutuamente. Porque se a cozinha é o lugar privilegiado da transformação é, também, o lugar privilegiado da dádiva. Dádiva que partilhamos à mesa numa plena reciprocidade de corpo e alma (a observação científica mostra que as refeições em comum são, em geral, consumidas mais lentamente e a quantidade total de calorias ingeridas é inferior relativamente às ingeridas em refeições solitárias, como se a convivialidade tivesse já saciado o nosso apetite e alimentado as nossas células).
Nestes tempos que habitamos e, em particular, na época festiva que se aproxima, permitamo-nos viver plenamente esta comunhão que só as refeições em companhia nos proporcionam. Permitamo-nos, também, uma reflexão sobre a capacidade do homem viver na transformação, sobre a capacidade da descoberta das soluções imprevistas, da criatividade e da recomposição a que a cozinha nos remete.


sábado, 24 de novembro de 2012

A importância do quotidiano


“Que dádiva de vida fui capaz de oferecer hoje?
Que palavra, que olhar, que sorriso, que gesto, que disponibilidade, que conforto, ofereci, recebi, revelei?
...........
Quem, no dia-a-dia, aceita o desafio de dar, àquele que encontra, o sentimento de enriquecer a sua vida, de embelezar o seu olhar, de ouvir a sua palavra, de se sentir mais amável e mais presente? Quem ousa criar o projeto de se aceitar melhor, de ser capaz de se fazer amado e amar a todo o momento, tornando-se, assim, um semeador de vida?
Jacques Salomé



A nossa tendência, quando nos perguntam sobre a nossa vida, é a de nos centrarmos em datas que representam grandes acontecimentos, algo extraordinário. E no entanto, se pensarmos bem, os grandes acontecimentos contam-se pelos dedos. O que preenche verdadeiramente a nossa vida não são os grandes acontecimentos, mas os pequenos gestos, as dádivas de cada dia. É o quotidiano que nos revela e transporta para algo maior. Saibamos acolher, em consciência, os pequenos acontecimentos, aquilo que nos embeleza o olhar e a alma, a cada momento. E no final de cada dia perguntemo-nos:
“Sorri? Dei? Ajudei? Amei? Admirei? Ao menos uma vez? Ao menos um pouco?”
 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Dia da Gentileza

"Não serão os nossos gritos a fazer a diferença e sim a força contida nas nossas mais delicadas e íntegras ações".
Leonardo Boff

 
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Hoje, dia 13 de novembro, comemora-se o “Dia Mundial da Gentileza” no âmbito doWorld KindnessMovement”, cujo objetivo é despertar a atenção das pessoas para a importância de atitudes gentis na construção de um mundo mais amável e justo. A data foi estabelecida durante uma conferência entre profissionais de diversos países, em 1996, em Tóquio.
Nestes tempos conturbados precisamos, mais do que nunca, de solidariedade e benevolência. A gentileza, associada muitas vezes a uma fragilidade, é a nossa grande força: A abertura ao outro, que vive centrado nos seus próprios interesses, implica uma grande coragem.
A gentileza é o novo heroísmo do quotidiano. Para expandirmos esta força celebremos o Dia daGentileza hoje, em especial, e em cada um dos 365 dias do ano com, pelo menos, um ato de gentileza.

imagem tirada daqui

12 gestos de gentileza
1.    Abrace alguém
2.    Envie um SMS gentil
3.    Valorize a cidadania no trânsito respeitando as pessoas…
4.    Não se esqueça das palavras mágicas: bom dia, por favor, com licença, obrigada. Inclua também o “posso?” Ou ainda: que bom!
5.    Respeite o tempo da outra pessoa. Ele é tão precioso quanto o seu.
6.    Elogie (sem economia!) o bom desempenho de um colega ou de um funcionário.
7.    Aprenda a escutar. Ouvir é muito importante para solucionar qualquer desavença ou problema.
8.    Pratique a arte da paciência. Evite julgamentos e acções precipitadas.
9.    Pense positivo. Procure valorizar o que a situação e o outro têm de bom.
10.                    Analise a situação. Alcançar soluções pacíficas depende de se descobrir a raiz do problema.
11.                    Doe parte do seu tempo como voluntário em instituições de caridade e faça alguém feliz.
12.                   Não espere que alguém tome a iniciativa em ser gentil. Comece você primeiro.

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Um dia para exercitar 

Escolha um dia em que se sinta um pouco “à deriva” e ocupe-se de alguém – um colega, um vizinho, um conhecido, um amigo. Será o dia “PARATI”. Assim que vir essa pessoa, com um genuíno bom dia, tente perceber o seu estado de espírito, esteja atento ao que ela diz e faz e convide-a para um passeio, ouça-a falar dela e ofereça-lhe um pequeno presente (nada de excessos!). A dificuldade deste exercício é estar ao mesmo tempo presente, disponível e ser espontâneo sem que a outra pessoa tome a sua atitude por uma tentativa de sedução. Permaneça igual a si  próprio.


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Cada um dos 365 dias por ano

    No início cada dia, ao acordar, comprometa-se a fazer um gesto de gentileza (ex. ajudar alguém, sorrir, escrever um bilhete de agradecimento, visitar uma pessoa que não vê há muito tempo... ). Antes de se deitar, faça uma revisão do que lhe aconteceu e registe num diário os gestos de gentileza que lhe ocorreram durante o dia. Verá que um simples gesto de gentileza por dia, todos os dias, fará a diferença, principalmente na SUA vida.



Nota de 18/11/12: Vale a pena dar uma espreitadela aqui