sexta-feira, 18 de março de 2011

Lua cheia

Sábado – Dia 19 de Março de 2011

Uma Grande Lua no Céu – Terapia do uivo


O mundo vai poder observar a maior lua cheia das últimas duas décadas no próximo sábado.


Podíamos aproveitar para a celebrar. Como? Só me ocorre fazê-lo com um imenso e colectivo uivo humano. Sentido, alegre e em plena fusão com a natureza. Não quero lançar nenhum movimento do uivo, nem convocar comportamentos considerados animalescos via net, mas somente sugerir um grito de libertação e exaltação da vida, diferente. Os mais inibidos podem uivar em silêncio. Os mais ousados fazê-lo a alto e bom som, a sós ou em grupo.

LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
Fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
No secreto calendário que um astrólogo arbitrário
Inventou para meu uso.

E roda a melancolia
Seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(Tenho fases como a lua…)
No dia de alguém ser meu
Não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
O outro desapareceu.
                                                                                       Cecília Meireles


TRILOGIA DA LUA

-Amo-te tanto – disse o poeta à lua.
-É por isso que me cantas nos teus versos?
-Quero-te tanto – gritou o poeta à lua.
-É por isso que te abandonas ao meu luar

-É tão tarde – disse a lua ao amante. – Tenho de ir.
-Fica – pediu ele.
-Não posso. Se o fizer a Terra não acorda.

-Queria ser Terra – disse um dia a lua.
-Porquê? - Perguntou-lhe o poeta.
-Para amar o sol.
                                                                                Alexandra Pelágio /1991


2 comentários:

  1. Maravilhosa música! Adorei! Precisaria gritar aqui da minha janela, de onde poderei ver a lua no seu esplendor, mas não o vou fazer; acordaria o prédio inteiro...vou uivar em silêncio...mais um uivo de promessa, de tentativa de libertação; pode ser que a lua me ouça, me ajude e leve para bem longe esta minha inquietude. Pode ser!!! O meu marido adora observar os astros; há uns anos demos-lhe um telescópio e ontem já ele andava a ver o melhor ângulo para observar a lua na sua melhor fase, fase que terá que desaparecer para uma nova voltar; assim somos nós, sempre em diferentes fases. Os dois poemas são interessantes, mas adorei o da Alexandra; mostra aqui o encanto que a lua exerce sobre nós... sobre os poetas, especialmente na lua cheia; diz-se até que é a fase das grandes paixões; a tristeza do poeta porque ela se vai embora...os lamentos da lua por não poder amar o sol; é esse o seu dever para que a terra acorde e para que nós possamos assim ver esse astro rei. Muito, muito interessante esta tua trilogia, Alexandra. parabéns. Um beijinho e obrigada por estas maravilhas que nos mstram neste post.
    Emília

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  2. Agradeço todos os comentários e peço desculpa por nem sempre responder pessoal e atempadamente. Ainda me é difícil lidar tecnicamente com blogs. Mas estou a gostar desta forma de comunicação. Dar e receber palavras, imagens, vídeos e muito carinho. Partilhar o que no momento surge e que de outra forma talvez ficasse só connosco, porque o tempo é assim – umas vezes traz-nos encontros, outras leva-os só para ele. Mas aqui parece que dá para o enganar um pouquinho, ao recolhermos no tempo de cada um, um tempo que acabamos por tornar de todos. Alexandra

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