segunda-feira, 22 de novembro de 2010

BOA SEMANA!

                                            CULTIVAR UM NOVO OLHAR
                                                           Boris Kustodiev
 

"Se não nos conectarmos às nossas necessidades profundas, psicológicas, fisiológicas, afectivas ou criativas, acabamos por criar novas necessidades que acabam em impasses porque a sua satisfação não nos preenche. Quanto mais o indivíduo está fragilizado mais se arrisca a tomar o consumo como um escape para preencher a necessidade de existir."
                                               Paul Aries

Aproximamo-nos do Natal: Luzes, montras feéricas, montanhas de brinquedos... Perguntamo-nos o que oferecer em embrulhos ricamente decorados. Um jogo de vídeo para o filho? Sai um todos as semanas, qual escolher? Em intermináveis filas esperamos a nossa vez. E depois... Quando chega o dia 25 de Dezembro, provavelmente, o que sentimos é um grande mal estar no meio de todos aqueles papéis amarrotados e restos de comida nos pratos. Para quê tudo isto? 
Estamos a retratar, é claro, aquilo que acontece na nossa sociedade de abundância, porque noutras partes do mundo, onde a fome e a sede minam os estômagos, cada um sabe bem onde se encontra o essencial. Cada vez mais, nesta sociedade, "o essencial é invisível para os olhos". 
Há que cultivar um novo olhar. Temos tanto para apreciar. Devemos "tomar" um pouco do nosso tempo para valorizar aquilo que nos facilita a vida: O ar e sol que entram pela nossa janela, as frutas e legumes na mesa,  a àgua que corre nas nossas torneiras, o sorriso com que fomos brindados, o abraço que nos acolheu.
Pensemos nisso. Talvez esse seja o melhor presente que podemos oferecer neste Natal: Cultivar um novo olhar.

4 comentários:

  1. Parece que temos transmissão de pensamento. Tenho um post preparado para amnhã publicar que vai de encontro ao que aqui tratais hoje. um olhar amigo, um telefonema carinhoso, uma pequenina lembrança simplesmente para dizer..." olha hoje eu pensei emti " . Como o mundo está necessitado desses pequenos gesto, de acções que provoquem no outro um novo olhar, um sorriso, um novo alento. Está na hora de deixarmos de olhar para o Natal como uma época em que o comércio prospera, uma quadra que nos faz andar de cabeça às voltas com a preocupação das compreas. Olhem, a mim, já há muito que não me tira o sono; os presentes de Natal não me afligem, porque sempre sei o que vai fazer os meus queridos felizes. É isso que importa. Um beijinho e parabéns pelo tema, muito pertinente para esta época.
    Emília

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  2. Há muito que impus a mim mesma, não alinhar neste consumo desenfreado natalício.
    Gosto de dar , mas quando quero ou quando encontro algo que se adequa a certa pessoa.
    Fico constrangida quando a maior parte das pessoas que andam neste frenesim de compra de prendas e nem sequer sabem o que se festeja, nem se preocupam em transmitir aos filhos o porquê deste tempo que deveria ser de festa , mas sem tanto consumismo.

    Beijos
    Manu

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  3. Emília, Hermínia e Manu

    Uma difícil imposição esta, a de não alinhar neste consumo desenfreado. Ainda existe muita pressão para um consumismo sem limites, embora a crise que estamos a atravessar comece a refrear os impulsos consumistas. Que ela sirva para nos repensarmos, para encontrarmos um outro modelo, outros modos de vida que preencham verdadeiramente o nosso ser. Será que começamos a dar os primeiros passos? E que, como qualquer primeiro passo, ainda é susceptível de muitas quedas? Acreditamos sinceramente que depois das quedas nos ergueremos para, finalmente, nos encontrar. Muito obrigada pela vossa presença.

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  4. Manu
    Foi bom saber-te aqui neste espaço. Obrigada! Relativamente a esta questão do consumismo volto a citar Gilles Lipovetsky: "O que é preciso corrigirmos é o lugar que o consumo ocupa nas nossas vidas, fazendo-o numa ética da pessoa. Mas, só uma outra paixão poderá permitir reduzir a paixão consumista; temos de inventar uma pedagogia, uma política de paixões capaz de mobilizar os afectos fora do consumível, da compra: no trabalho, na criação, no desejo, na arte, temos de criar uma ecologia mais equilibrada da existência. O crucial é que as satisfações aconteçam fora dos paraísos passageiros do consumo.”
    Difícil despoletar uma paixão que destrone a do consumo, mas temos de acreditar que é possível. Nesse sentido, vamos tentando cultivar novos olhares. Obrigada por seres uma destas semeadoras. Abraço grande
    Teresa

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