“Diga-lhes que a missão da pessoa idosa é amar. Porque olhe para mim no meu sofá, eu não posso fazer nada, mas posso sempre sorrir. Posso sempre escutar. Posso sempre expandir o calor do coração.”
Testemunho relatado no livro “Une vie pour se mettre au monde” de Marie de Hennezel e B.Vergley
“A velhice é uma revolução mental.”
C. Singer, As idades da vida
Vivemos de imagens e fabricámos uma imagem da velhice, uma imagem de decadência. Na nossa sociedade a velhice tem poucos atractivos. A negatividade desta perspectiva acaba por transformá-la em realidade, ou seja, o imaginário e a realidade acabam por influenciar-se mutuamente.
No entanto, pequenos passos começam a dar-se para um outro olhar: O da velhice como uma outra etapa, uma outra presença no mundo, uma nova percepção, um novo lugar.
Quando nos consciencializarmos (mesmo que o corpo se degrade, a pele se enrugue, os membros fiquem rígidos e nodosos) da beleza que existe para além dos espelhos do nosso quarto, de tudo aquilo que nos prolonga, dá continuidade e multiplica, surpreendemo-nos com o nosso encontro: O encontro connosco e com a nossa capacidade de transformação. Como nos diz C. Singer, “a pessoa idosa torna-se toda ela encontro”. Tempo de hospitalidade, do “dom de si”. “Tendo atravessado tudo, torna-se, por sua vez, passagem”. Chegou o tempo da interioridade, da decadência exterior ser substituída pelo desenvolvimento do homem interior. O tempo de, enfim, mergulhar totalmente no mundo antes de desaparecer: A nossa revolução narcísica. Passar do corpo que temos ao corpo que somos, deixarmos de olhar para nós e habitarmo-nos. Sentirmos a plenitude e o espaço, dilatarmo-nos. Fazermos o luto da aparência do corpo e experimentarmos a felicidade de SER no corpo que habitamos.
Entremos no novo ano numa experiência de ENCONTRO, em plena presença de sentidos, presença que não se restrinja a uma fase exclusiva da vida. Descubramo-nos a cada passo desta viagem que é nossa, sintamos a realidade que vibra em nós. SEJAMOS em 2012!
Nota: Este é o 1º post de uma série que pretendemos escrever no ano de 2012, o “Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações”.
E é encontrar essa felicidade de SER no corpo que temos que se torna difícil para muitos de nós, Teresa. Procuremos então começar este novo ano com uma mudança de mentalidade, olhando para a velhice com outro encanto, com mais solidariedade, não nos esquecendo que, se a vida o permitir chegaremos lá. É preciso, portanto começar a aceitar as mudanças físicas e a apreciar as interiores que em geral são belas. SEJAMOS, então, Teresa! Um beijinho e muito obrigada pelo carinho que me tem dedicado neste ano que está a terminar. Junto com os meus votos de um fantástico 2012 deixo-lhe também a certeza da minha sincera amizade.
ResponderExcluirEmília
Difícil, sim, Emília, mas com pequeninos e persistentes passos num caminho de progressiva consciência, num caminho de permanente aprendizagem, conseguiremos. É só dar o primeiro mergulho :)
ResponderExcluirVamos mergulhar, então, neste novo ano! Um abraço amigo e grato por tudo e tanto que nos dá. Que 2012 se lhe abra num imenso sorriso e dissipe todas as nuvens de 2011.
Ainda não sei se conseguirei que as minhas palavras, (palavras intenção), fiquem aqui registadas. Mas a intenção para além das palavras é a de dizer que SENTI profundamente tudo o que aqui está escrito. Importa saber envelhecer sim. Importa aprender. Importa compreender quem envelhece e a nós próprios também... porque afinal estamos nesse processo. Fazemos parte dele.
ResponderExcluirVale a pena manter a curiosidade, a atenção, a presença, o interesse, a participação e a articulação entre gerações!
É fundamental para que todos continuemos a poder crescer.
Muito obrigada ao Optimismo em construção.
É muito bom vir aqui e reflectir convosco.
Sempre,
Isabel