"Quando lhe é dada oportunidade o ser humano é naturalmente motivado para colaborar com os outros pela genuína alegria de contribuir para o interesse geral."
Jeremy Rifkin
No seu livro “Une nouvelle conscience pour un monde en crise” Jeremy Rifkin propõe uma releitura da história da humanidade numa perspectiva social e altruísta. Partindo da constatação de que jamais o mundo pareceu tão unificado (pelas comunicações, comércio, cultura) e, simultaneamente, tão dividido (pela guerra, crise financeira, aquecimento do planeta, difusão de epidemias), Jeremy Rifkin observa que a espécie humana parece incapaz de concentrar verdadeiramente os seus recursos mentais colectivos para “pensar globalmente e agir localmente”. Parece haver uma desconexão entre as nossas estruturas mentais (que nos predispõem a uma determinada forma de sentir, pensar e agir) e o mundo em que vivemos. A humanidade encontra-se na alvorada de uma etapa crucial e tudo indica que as antigas formas de consciência religiosas ou racionalistas estão ultrapassadas. Emergem novas formas de apreender a sociedade, a economia, o meio ambiente: Uma mudança gigantesca e profunda. Uma mudança que, segundo Rifkin, terá como alicerce o espírito colaborativo.
De facto, florescem sites no âmbito da doação – desde a oferta de objectos
ao acolhimento de turistas numa casa aconchegante, paralelamente ao seu acompanhamento na descoberta de novos lugares. Assistimos à multiplicação de modelos de cooperação como a Wikipedia, ou Linux onde milhares de internautas partilham os seus conhecimentos. Proliferam fóruns, projectos de apoio nos mais variados campos (ver projecto Boinc). A nova geração do milénio envolve-se, cada vez mais, na colectividade de que faz parte. Há quem lhe chame a “Geração G” (G de generosidade/gentileza) dando-nos uma visão da natureza humana que nos revigora e o oxigénio que precisamos para respirar num contexto que parece sufocar-nos. Estamos cada vez mais conscientes da nossa interdependência e da necessidade de repensarmos os nossos modelos filosóficos, económicos e sociais. Um mundo de possibilidades e desafios. De esperança também.
Nota: Bora Mudar o Mundo é o mote de "Um Blog pelo Ambiente". Recomendamo-lo vivamente. O último post revela de uma forma fantástica a interdependência que se manifesta de um modo tão expressivo na blogosfera. Inspirador!
De facto, florescem sites no âmbito da doação – desde a oferta de objectos
ao acolhimento de turistas numa casa aconchegante, paralelamente ao seu acompanhamento na descoberta de novos lugares. Assistimos à multiplicação de modelos de cooperação como a Wikipedia, ou Linux onde milhares de internautas partilham os seus conhecimentos. Proliferam fóruns, projectos de apoio nos mais variados campos (ver projecto Boinc). A nova geração do milénio envolve-se, cada vez mais, na colectividade de que faz parte. Há quem lhe chame a “Geração G” (G de generosidade/gentileza) dando-nos uma visão da natureza humana que nos revigora e o oxigénio que precisamos para respirar num contexto que parece sufocar-nos. Estamos cada vez mais conscientes da nossa interdependência e da necessidade de repensarmos os nossos modelos filosóficos, económicos e sociais. Um mundo de possibilidades e desafios. De esperança também.
Nota: Bora Mudar o Mundo é o mote de "Um Blog pelo Ambiente". Recomendamo-lo vivamente. O último post revela de uma forma fantástica a interdependência que se manifesta de um modo tão expressivo na blogosfera. Inspirador!
Há descoberta de um novo caminho mais justo, a mudança parte de cada um de nós, para outro sistema baseado na sustentabilidade de tudo o que nos rodeia e não estou a falar "só" da natureza.
ResponderExcluirUm loooongoooooo abraço cheio de optimismo e
Haja continuamente esperança, porque a maneira actual de ser e fazer já cansa!
ResponderExcluirQue esse senhor seja um realista e não apenas um optimista!
Boa semana meninas!
Olá Teresa. Hoje vou responder ao vosso post com a letra de uma música do Gabriel Pensador que vem muito a propósito. Espero que goste.
ResponderExcluirNão adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Rindo da própria tragédia
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
muda que o medo é um modo de fazer censura
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?
Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!!
A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Chamou de traficante!
A justiça
Prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado
E absolveu os PMs de Vigário!
A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar!
Escola! Esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda! Não! Não!!
Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!
Nesta ultima parte da música, penso que estará a resposta à pergunta Até Quando?
Emília
É espectacular ver como mesmo em tempos de crise existem movimentos de optimismo e esperança!
ResponderExcluirContinuação do bom trabalho.
Bjs
Ana
Muito boa a letra do Gabriel Pensador.
ResponderExcluirQue realidade a nossa absurda...
Para muitos, esta é a realidade:
"E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá"
Para muitos esta deveria ser a realidade:
"Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!"
Muito bom!
Ah! Obrigada, Emília!
ResponderExcluirAna Teresa
ResponderExcluirA mudança parte mesmo de cada um de nós e em acreditar que no horizonte se desenha algo completamente novo, mas baseado no alicerce que fundamenta o ser humano: A cooperação. Se a nossa tendência natural não fosse a da cooperação, generosidade e solidariedade, já há muito teria desaparecido a nossa espécie. Acreditar e arriscar(porque também é necessária uma certa dose de loucura, reconheço, avançar sem receios na mudança que almejamos. Obrigada, muito, pela companhia neste caminho. Abraço gde
Sónia
A visão do Jeremy Rifkin faz muito sentido para mim. Neste link está resumida - http://www.ted.com/talks/jeremy_rifkin_on_the_empathic_civilization.html
(como já vi que, tal como eu, és fã do TED, já deves ter visto, mas aqui fica em todo o caso). Creio que não se trata só de optimismo, mas de uma constatação que pode alicerçar a nossa crença no ser humano e, consequentemente, no futuro. Tem de ser. Bom fim de semana para ti e um abraço gde
Emília
Um sacudir imenso dentro de nós esta letra. Muito obrigada por mais esta partilha. Grande abraço
Ana
Creio que é justamente nestes momentos de crise que estes movimentos ganham visibilidade e importância. E é tão bom conhecer, cada vez mais, pessoas que arriscam e avançam confiantes... Muito reconfortante mesmo. Obrigada pelas palavras que deixou e posts inspiradores. Um abraço
Teresa
Na sequência dos vossos comentários encontrei esta entrevista dada por J. Rifkin em 2010. Aqui fica a I parte:
ResponderExcluirA advertência que o senhor lança não pode ser tomada levianamente: estamos próximos de uma espécie de implosão global, o estágio final e autodestrutivo das várias revoluções industriais.
Não quero soar como o enésimo profeta do apocalipse, mas muitos sinais indicam que estamos verdadeiramente em um ponto de mudança na história da espécie humana. O nosso destino pode ser jogado de modo fatal dentro de poucas décadas. Dois sinais recentes confirmam isso. Um foi a grande crise alimentar de 2008, que precedeu (e na realidade provocou) o colapso das finanças globais: sob a pressão do crescimento chinês e indiano, o petróleo chegou aos 147 dólares por barril, o aumento da produção agroalimentar provocou tumultos por causa do arroz e do pão em muitas nações emergentes. O segundo sinal foi o fiasco da cúpula de Copenhague sobre o ambiente: os mesmos líderes que não souberam prever o desastre de 2008 foram incapazes de enfrentar as mudanças climáticas.
O senhor acusa a cultura por meio da qual nós e as nossas classes dirigentes interpretamos o mundo.
Somos ainda prisioneiros da tradição iluminista, do pensamento de Locke e de Adam Smith: aquele que nos representa o homem como um ser racional, materialista, individualista, utilitarista. Se continuarmos usando esses instrumentos intelectuais do século XVIII, estamos verdadeiramente condenados. Dentro desse quadro cultural é impossível que seis bilhões de pessoas enfrentem a escassez de recursos naturais. Copenhague fracassou porque líderes como Obama e Hu Jintao continuaram pensando em termos geopolíticos tradicionais, segundo os interesses dos Estados-nações, em vez dos interesses da biosfera.
A empatia pode ter efeitos perversos, aumentando a entropia: esse é um conceito que o senhor já usou no passado, no sentido de uma degradação que destrói a energia disponível. Pode nos dar um exemplo histórico?
O Império Romano foi capaz de expandir a empatia dos seus cidadãos criando uma comunidade muito vasta, unida pelo mesmo destino. Mas, ao mesmo tempo, impulsionou a exploração da sua base agrícola até o extremo, até provocar um exaurimento que foi a verdadeira causa do declínio, antes das invasões bárbaras. A história se repete. Hoje, em escala bem mais ampla.
Quanto mais as civilizações se tornam complexas, mais se multiplicam as conexões entre os seres humanos. Mas ao mesmo tempo são exigidos maiores fluxos de energia, e estes aumentam a entropia. A Terceira Revolução Industrial que eu projeto nascerá da necessidade de mitigar o impacto entrópico das duas primeiras. Como as outras revoluções industriais, será impulsionada por uma convergência entre as novas tecnologias da comunicação e da energia. As primeiras civilizações hidráulico-industriais se fundaram sobre a invenção do alfabeto. A segunda revolução industrial do século XVIII ao XIX foi o encontro entre corrente elétrica, telégrafo, rádio, TV.
E agora a II:
ResponderExcluirPor isso, hoje o senhor vê na Internet uma oportunidade benéfica e tem confiança nos jovens que cresceram dentro desse novo universo da comunicação?
A geração que se expôs ao conhecimento no terceiro milênio dá por óbvio que o mundo é feito de partilha e cooperação. As velhas gerações ainda têm uma ideia da mudança ditada do alto para baixo. Os jovens vivem em uma dimensão descentralizada, estão interconectados horizontalmente, sem hierarquias. A minha geração admirou as fotos da Terra tiradas da Apollo na expedição à Lua, foi a nossa primeira experiência de empatia para com todo o planeta visto de fora. Os nossos filhos, a cada dia, por meio do Google Maps, se percebem como cidadãos do planeta Terra.
Desastres como os terremotos no Haiti e no Chile, se transformam, com o Twitter, na ocasião para uma imediata solidariedade humana em escala global. Esses rapazes habituados a usar o Skype para falar com o colega de Tóquio intuem que somos uma única família planetária. Para eles, é mais fácil compreender que todo gesto cotidiano em todos os cantos do mundo tem um impacto em tempo real sobre a biosfera e atinge a espécie humana em qualquer lugar em que ela se encontre. Ali já se iniciou a transição para uma nova forma de consciência.
Nessa Terceira Revolução Industrial que está às portas, o modelo da Internet pode nos salvar também da crise energética? De que modo?
As novas tecnologias da comunicação convergem com as energias renováveis. É o que eu chamo de energia distribuída ou difusa. Porque as fontes renováveis – sol, vento, energia biotérmica, biomassa de rejeitos – encontram-se em nosso meio, igualmente repartidas em cada metro quadrado da superfície terrestre. Diferentemente das energias fósseis, como o petróleo e o carvão, cuja concentração territorial foi fonte de enormes problemas geopolíticos.
Na prática, o que significa abraçar o modelo da energia difusa?
Significa converter toda casa individual, toda mansão, em uma pequena central energética que usa o sol, o vento, os rejeitos, estocando-os e redistribuindo-os. Significa que a energia não consumida para as próprias necessidades será repartida segundo uma lógica de cooperação e de solidariedade. Não é socialismo, mas sim uma economia de mercado híbrida, exatamente como a Internet, com fenômenos como o software "open source", prefigurou uma superação do capitalismo puro, hibridizando-o com elementos de socialismo. Tudo isso já está começando a ocorrer e está mais próximo de vocês do que vocês acreditam.
Teresa, adorei a palestra!
ResponderExcluirNão a conhecia e deu-me muita força!!! :-)
É bom saber que não somos nós, os que nos preocupamos e tentamos associar-nos, que estamos mal, mas sim quem acredita no individualismo ou, como eu lhe chamo, no umbiguismo!
Quando se está em crise, tudo é posto em questão e é nestas alturas que as pessoas estão mais abertas à mudança, à mudança necessária!
É como diz o Jeremy na palestra: somos todos uma só família humana!
Boa semana linda e muito obrigada pela partilha!!! :-D
E que bom é sabe-la nesta família, Sónia. Muito bom mesmo. Abraço grande
ResponderExcluir