“Se acreditarmos firmemente que a pobreza é inaceitável – que não poderá ter lugar numa sociedade humana civilizada – então construiremos instituições e traçaremos as políticas apropriadas para criarmos um mundo sem pobreza (...)
É possível eliminar a pobreza do nosso mundo, porque ela não é natural aos seres humanos – mas é imposta artificialmente. Dediquemo-nos a acabar com a pobreza o mais depressa possível, metendo-a nos museus uma vez por todas (...)
(…) Tendemos a estar tão ocupados com o nosso trabalho do dia-a-dia que nos esquecemos de olhar pela janela das nossas vidas para confirmar em que etapa da viagem nos encontramos, ou aproveitar para reflectir sobre o destino a que queremos verdadeiramente chegar.
Cada um de nós deveria elaborar uma lista de sonhos para reflectirmos em que tipo de mundo queremos viver (…)
Este processo de imaginação de um mundo novo é um dos principais elementos em falta no actual sistema de ensino. Preparamos os nossos estudantes para o trabalho e para a carreira profissional, mas não os ajudamos a pensar enquanto indivíduos sobre o tipo de mundo que eles gostariam de construir (…)
Sonhar com um mundo melhor é divertido. Mas o que pode fazer cada um de nós para aproximar esse mundo da realidade? Uma medida prática é a criação de uma pequena organização para realizar parte do objectivo – aquilo a que chamo “fórum de acção social”.
Um fórum de acção social pode ter apenas três pessoas que se juntam para resolver um único problema local e de fácil resolução. Poderão dar ao fórum um nome engraçado, audacioso, inovador ou simplesmente o nome dos respectivos membros.
Uma vez criado o fórum, definam o vosso plano de acção para o ano em curso. Por exemplo, ajudar um desempregado, um sem-abrigo ou um mendigo a encontrar uma actividade remunerada ou capaz de gerar um rendimento que lhe permita sair da pobreza. Seleccionem a pessoa pobre que querem ajudar, sentem-se com ela e inteirem-se do problema que a impede de progredir e depois encontrem a solução.”
Muhammad Yunnus, Criar um mundo sem pobreza
Aqui fica a proposta. Porque cada um dos nossos mais pequenos actos pode ter consequências imensas no mundo que nos acolhe, porque “NÓS CRIAMOS AQUILO QUE QUEREMOS CRIAR”.
De facto acho que é uma ideia louvável que deve ser incentivada... sobretudo agora em que é preciso dar ânimo a quem cada vez tem maior consciência dos riscos que esta crise comporta, não só para com esses "pobres"... mas para com todos os que potencialmente brevemente poderão vir a sê-lo... o que implica uma abrangência bastante mais vasta... e a aceitação por parte de muitos de nós que este problema da pobreza é cada vez mais alimentado pelo próprio sistema em que vivemos e de que não conseguimos fugir.
ResponderExcluirQue não seja motivo para desistirmos... nem de deixar de actuar tendo em conta os outros... nem de aceitar que temos que pensar nas medidas para usar-mos também connosco próprios!... ou muitos que nos estão bem mais próximos do que pensamos!
Um abraço bem apertado
Isabel
Belo post, Teresa, numa altura em que começa a haver cada vez mais pobres. Mas, não é só nesta crise que começamos a ver pessoas em estado de pobreza; ainda temos muito, comparando-nos com aquele povo de Africa que vive em situações limite, umas vezes pela seca, outras, pelas inundações e a maioria das vezes pela ganância do resto do mundo que se aproveita da riqueza dos seus países e os exploram deixando o povo a passar fome; desses é que eu tenho pena. Se cada um de nós olhasse à sua volte e ajudasse um vizinho que estivesse com dificuldades não teríamos uma única pessoa a passar fome, mas, infelizmente, não fazemos isso. O nosso país é pequeno, está a passar por momentos difíceis e a tendência é piorar, mas o que tenho visto e que me tem indignado é ouvir pessoas com reformas chorudas, com os filhos formados e já a trabalharem com empregos bons a reclamarem por perderem o subsídio de férias e de Natal, sem sequer pensarem naqueles que vivem com pouco mais do que o salário mínimo e vão ter só um dos subsídios. Estou a focar este caso, porque foi a mim que mostraram essa indignação e eu apontei-lhes um caso de uma mãe viúva com uma filha na faculdade e outra no 10º ano que ganha metade e vai ficar sem os ditos subsídios. Isto para não lhes falar dos que mal conseguem um pão para a mesa porque estão sem emprego e sem qualquer ajuda. Gostaria de ver essa pessoa a dizer que, mesmo sem os ditos subsídios ainda lhe vai sobrar dinheiro no fim do mês e que há quem esteja pior, mas isso não ouvi, não. Aqui neste nosso pequeno cantinho, se cada um de nós desse um pouco e ajudasse o próximo a resolver as suas dificuldades a crise não levaria ninguém a passar fome. Somos poucos e portanto, se cada um estender a mão ao que está perto ninguém passará por necessidades extremas. Sabe, somos como uma família com poucos filhos onde há sempre um pãozinho para cada um
ResponderExcluirBeijinhos, Teresa e parabéns pelo post!
Emília
Isabel e Emília
ResponderExcluirPrecisamos realmente de ânimo, de acreditar... O pior de tudo, para mim, é a falta de horizontes e sentir que nos afastamos cada vez mais do principal objectivo do milénio: A erradicação da extrema pobreza e fome até 2015. Ver o nosso país a empobrecer, com desigualdades cada vez maiores, sem um horizonte de esperança é uma dor de alma. Mas depois vemos pequenos gestos, luzinhas que nos iluminam. São elas que tornam a nossa noite menos escura (como diz um velho provérbio africano: "Se deres ao teu vizinho um pouco do teu fogo não ficas tu mais pobre e a noite, que nos cobre a todos, será então menos escura")
E então penso na educação como a grande luz do nosso horizonte: A preparação das novas gerações numa construção incessante. Construirmo-nos e reconstruir. Unir todas as pequenas luzes numa só e caminhar com um horizonte de esperança. Tem de ser possível.
Um grande abraço e um feliz fim de semana!
Teresa
Adorei esta ideia de fazer "uma lista de sonhos"
ResponderExcluir:)
E concordo: a pobreza não é natural.
Abraço a todas e especial à Teresa a quem devo um mail...
Breve fica resolvido.
Marta M
Olá Marta
ResponderExcluirÉ sempre tão acolhedor saber-te aqui... Também achei uma maravilha esta ideia e acho que podemos concretizá-la um pouco, não? Um grande abraço
Teresa