Observar e sentir sem julgar, nem interpretar
Camille Pissarro
Concordamos, em geral, com o facto de grande parte da nossa
riqueza residir nas relações profundas e duradouras que criamos connosco
mesmos, com os outros e com tudo o que nos rodeia, mas sabemos, também, o quão difícil
é concretizá-lo. Os grandes obstáculos, segundo Thomas d`Ansembourg, que o
impedem são:
1º) Raramente, estamos em contacto com a
realidade tal como ela é.
Estamos em contacto com a realidade tal como acreditamos que
ela seja, como a vemos, como a interpretamos e não como ela é objetivamente.
Segundo Krishnamurti, saber distinguir a observação de um
facto da sua interpretação, é um dos estados mais avançados da inteligência
humana. É, sem dúvida, uma das coisas mais difíceis: Diferenciar o facto tal
como se apresenta, da emoção que provoca em nós. A nossa interpretação dos
factos adquire a cor dos medos, das esperanças e das projeções que vivem em nós
– construímos cenários mais ou menos fictícios sobre a realidade.
A consciência de que misturamos os factos com as emoções que
despoletam em nós, pode iniciar o caminho que nos levará ao verdadeiro ENCONTRO
com o outro. O primeiro passo será, portanto, o da observação mais neutra
possível. O segundo passo, o de expressarmos a nossa observação encetando um diálogo de maneira a respeitar a realidade e o ponto
de vista do outro. Ao distinguirmos os factos das emoções permitimo-nos, em
seguida, comunicar a emoção que a observação fez surgir em nós, sem julgar nem
agredir.
2º) Baseamos muitas vezes as nossas reações nas nossas
impressões, crenças e preconceitos, em vez de as basearmos no que sentimos
verdadeiramente.
Não nos escutamos a nós próprios do modo mais adequado. Se
perguntarmos a uma pessoa “Como se sente?”
em relação a uma situação preocupante é natural que ela responda “Sinto que é preciso fazer isto ou aquilo…
Sinto que está tudo perdido…”
O nosso velho hábito de pensar em vez de sentir a vir ao de
cima: Respondemos, muitas vezes, através de pensamentos, conceitos, comentários
e não através de um sentimento quando a pergunta se situa no âmbito dos
sentimentos. Basta dizer “Sinto que…” para
nos convencermos que estamos a expressar um sentimento. Há, portanto, que
diferenciar emoção de pensamento, pois é esta diferenciação que nos permitirá situar
em relação a uma situação ou pessoa sem julga-la, nem criticá-la e sem
descarregarmos para cima dela a responsabilidade do que estamos a viver.
Assim, há que saber identificar no vocabulário dos
sentimentos, aqueles que contêm uma interpretação ou um juízo acerca do que os
outros dizem, fazem ou são. No fundo, as palavras que sugerem erro por parte de
alguém, ou que atribuam ao outro a responsabilidade do que sentimos pode alertar-nos
para o facto de estarmos a misturar sentimentos com interpretações. Para
terminar, por hoje, deixamos-vos três exemplos de sentimentos ou emoções que
contêm julgamentos escondidos:
INTERPRETAÇÂO
|
Possíveis EMOÇÕES
|
Insultada
|
Furiosa, emocionada, triste
|
Rejeitada
|
Magoada, assustada, zangada
|
Desvalorizada
|
Zangada, triste, desapontada
|
Nota: Este post vem na sequência do da Comunicação NãoViolenta ou Autêntica, temática a que pretendo dedicar-me neste período.
Teresa
Estupendo lo compartido.
ResponderExcluirGracias
Dicen"El primer paso es, por lo tanto, la observación neutral como sea posible
Darlo es el cominzo del camino que nos ira elevando en el espiritu.
Saludos
PD, cuesta la traduccion ya que el blog no lo hace directamente.
Sim, Abuela, é mesmo isso: O primeiro passo para uma comunicação autêntica, que nos une e eleva, é a observação mais neutra possível. Muito obrigada por estar aqui. Um abraço e um feliz domingo
ResponderExcluirTeresa