domingo, 4 de março de 2012

Para reflectir


“Desde os tempos de criança qual foi o maior gesto de que fui capaz? Experimentem perguntar isto a vocês mesmos, sem testemunhas, e verão o sarilho em que se metem. Lembro-me sempre da história daquele santo que pregava no deserto e acudia aos pobres e leprosos, mas não conseguia evitar sentir-se vaidoso da sua índole, o que, em certa medida, lhe anulava o mérito. (…)
Esperem, talvez nem sempre haja batota: Podemos ser absolutamente gratuitos nos nossos rasgos e só mais tarde tomar consciência de que houve ali uma intenção.
O bem que fazemos é muitas vezes suspeito, mas o que nos salva e redime é esquecermo-nos dos gestos grandes que fazemos.”
 Rita Ferro



Nota: Este texto surge na sequência de uma conversa a respeito da gratuidade do amor, da dificuldade imensa de nos darmos incondicionalmente e sentir gratidão na dádiva em si e por si, sem esperar outra retribuição. Sentir o “EU – TU” transformar-se de imediato no NÓS, sentir esse “maior - do - que - eu - que - me - habita”. Sentir a alegria que existe unicamente no facto de dar e agradecer interiormente o beneficiário da nossa generosidade, pois foi ele que permitiu, sem o saber, fazer-nos entrar em contacto com a melhor parte de nós: Aquela que tem a consciência da infinita riqueza da troca e da partilha.




18 comentários:

  1. O texto da Rita Ferro é interessante, mas a nota é mais ainda.
    E a música é muito zen! :-)

    Beijinhos e votos de uma boa semana cheia de actos gratuitos de generosidade! :-D

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    1. Muito obrigada Sónia. Quanto à música pu-la por causa do mantra "om mani padme hum" o mantra da compaixão que, para mim, expressa a energia do amor, a abertura do coração. Tão difícil esta total abertura, esta gratuidade da dádiva... O nosso ego gosta tanto ser apaparicado, não é mesmo? É o que peço diariamente: Seguir o meu caminho com mais disciplina e abraçar o mundo com mais amor. Tenho tido tantos recuos neste caminho... A ver se consigo avançar, pelo menos um pouquinho, e se os teus votos se cumprem. Um abraço grato
      Teresa

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    2. Não sabia isso do mantra da compaixão. Acabou de se tornar uma experiência ainda mais completa para mim! :-)

      Quanto ao ego...
      Ando sempre a tentar descascar o meu, mas isto é como as cebolas: parece que se pode tirar sempre mais um pouco!
      Mas uma coisa te digo Teresa: vejo tudo o que escreves e que partilhas aqui e, tal como a Emília, sinto-vos como almas boas, por isso não me parece que haja assim muito para descascar! Só o facto de este blogue ser mantido com uma nota positiva constante já o prova! :-)
      Beijos e não duvides de ti, pois isso é o ego a falar! :-)

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    3. Desculpa a intromissão, Teresa,mas tenho que deixar aqui um recadinho à Sonia em relação às tais almas boas que ela sente em nós. Sonia, sabe o que eu sinto quando leio o que escreve, tanto aqui quanto nos seus 3 ou 4 blogs? Que tem um coração do tamanho do mundo e tem também uma característica que muito aprecio; sentido de humor. E sabe o que mais? Da sua alma pode-se sempre tirar mais um gesto simples e generoso, pois sinto-a uma Grande Alma.

      Teresa, eu acho sim que é bom sinal, porque ser generoso não é fazer grandes obras em prol dos outros e aparecer nos jornais, na televisão, etc.; ser generoso é ser amigo, é reconfortar, é ajudar, é ser simpático, respeitador e isso, pode ser feito a cada instante do dia. Claro que muitas vezes não fazemos nada disso, muitas vezes nos esquecemos dos outros; há alturas em que andamos tão preocupados com os nossos pequenos problemas que nem sequer nos apercebemos do enorme sofrimento do nosso amigo ou até do do nosso vizinho do lado. Estas pequenas coisas é que são necessárias no convívio com os outros e são elas também que constituem a tal troca e partilha. E agora, Teresa, vou repetir as palavras da Sonia : " Não duvides de ti, pois isso é o ego a falar! ) Teresa, só pelos temas que coloca aqui se vê que tem uma alma generosa e repleta de essência. Foi muito bom para mim tê-la encontrado, pode acreditar. Um beijinho e vamos lá...continuar a descascar a cebola. Chegaremos lá!
      Emília

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    4. Ai Emília, que me fazes inchar o ego de tal forma que quem não vai conseguir dormir hoje sou eu - de tão inchada de orgulho vou parar ao tecto!!! :-D

      Agradeço imenso as tuas palavras e a tua confiança; dão-me ânimo para continuar a trabalhar nas coisas menos boas que tenho.
      Mas e mudar o discurso para "tu", não dá? É que eu não desarmo!!! ;-)

      Teresa: faço minhas as palavras da Emília (troca de galhardetes), especialmente "Foi muito bom para mim tê-la encontrado, pode acreditar."!

      Beijos grandes às duas e não se esqueçam: mesmo que descascar a cebola provoque algumas lágrimas, não desistam, pois nada de valor se consegue sem esforço!

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  2. Já vim aqui várias vezes, já li...já reflecti, mas...pela primeira vez tenho dificuldades em comentar. Confesso...não me lembro de nenhum grande gesto de solidariedade. Não consigo descobrir um sequer....Bem...de pequeninos gestos lembro-me de muitos e, pelo que entendi, são estes que importam. Um pequeno gesto de carinho...uma palavra amiga...um " estou aqui para o que precisares " são atitudes simples que fazem de nós pessoas solidárias e gente com essência. Trocar e partilhar pequenos gestos a cada dia é o que podemos classificar de Solidariedade.
    Desta vez, Teresa, fizeste-me reflectir bastante!!! Nunca tive de pensar tanto!!!
    Beijinhos e espero que tenhas uma bela semana
    Emília

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    1. Engraçado, Emília, que quando transcrevi este texto no meu diário há uns bons anos atrás acrescentei: Será? É que sinceramente não me lembro de nada verdadeiramente grande que alguma vez tenha feito. Não mesmo. E até acho que tenho boa memória.
      Será que é mesmo bom sinal? Também tenho reflectido muito em tudo isto porque o que mais procuro actualmente é alcançar essa abertura total do coração em que se dilui o ego e se sente a infinita riqueza da dádiva. Muito vou ter ainda que "pedalar"...
      Uma bela semana também para ti e um abraço do coração
      Teresa

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    2. Acredito piamente que o facto de vocês as duas não se lembrarem de nada grande é fruto da vossa bondade e generosidade: de tão grande que é o vosso coração, todos os actos parecem pequenos - foreis vós gente "pequenina", mesquinha, e tudo pareceria algo incrivelmente generoso!
      Dou-vos um exemplo: ide ver o meu blogue no dia 7 (tenho uma mensagem agendada para esse dia) e digam-me se, para vocês é um acto grande ou pequeno de generosidade. Aposto que ela diria que era pequeno! :-)

      [e se vocês forem tão curiosas como eu, vão passar o dia de amanhã a pensar no que será que lá vai aparecer! ;-)]

      Beijinhos a ambas, ó almas grandiosamente generosas! :-D

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    3. É verdade, Sonia...estou muito curiosa e esta noite ainda vou dormir pior...acho que terei de tomar 2 comprimidinhos. E já agora? A que blog devemos ir? É que são tantos!!!! Lá estarei e, se entretanto não me disseres nada, procurarei. Quero ver o que vai sair daí. Beijinhos, Sonia e obrigada pelo convite. B
      Emília

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    4. Ai Emília, que me deixas com peso na consciência...
      Bebe chá de camomila a ver se ajuda! ;-)

      Será no Pensamentos (http://pensamentosdaveiga.blogspot.com/).
      É verdade, isto já é muita coisa... Quem manda querer chegar a todo o lado? :-)

      Beijinhos.
      Sónia

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    5. Sónia
      Depois de ver a tua surpresa fica tudo ainda mais pequenino. Muito obrigada por ela, pelas tuas palavras, por seres assim genuína nesse coração que se percebe imenso. Bom estar contigo neste caminho. Um profundo abraço

      Emília
      Tenho realmente muito caminho a percorrer e não é o meu ego a falar. Ele fala muitas vezes, mas não é este o caso. E então quando vejo actos como os que a Sónia nos surpreendeu... Mas vamos caminhando, sim, na consciência do longo caminho que temos de percorrer. E na alegria da vossa companhia. Com amizade
      Teresa

      Nota: Só por curiosidade deixo-vos parte do significado do mantra:
      OM - A primeira silaba, recitá-la abençoa-nos para atingir a perfeição na prática da generosidade.
      MA - Ajuda a aperfeiçoar a pratica da ética pura.
      NI - Ajuda a atingir a perfeição na prática da tolerância e paciência.
      PAD - Ajuda a conquistar a perfeição na prática da perseverança.
      ME - Ajuda a conquistar a perfeição na pratica da concentração.
      HUM - Ajuda na conquista da perfeição na prática da sabedoria.

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    6. Teresa, já lá te respondi! :-)
      Agradeço muito os elogios (depois mando a conta da reparação do teclado por danos por baba!!!) e, agora a sério, agradeço também a tua companhia no caminho da evolução da minha consciência!

      Ah, e também pela explicação do mantra: agora já sei que palavras usar quando inicio a meditação: OM-NI ME-HUM
      [parece latim para "meu homem", mas tu percebes! ;-) ]

      Beijinhos,
      Sónia

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  3. Adorei o post!
    Dá que pensar...
    Não é fácil colocar o ego de lado,o caminho é longo...Um passo de cada vez...

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    1. Muito obrigada Ana! Sou de poucos comentários, mas acredite que já me tem inspirado muitas vezes e ajudado nos passos deste caminho. Um grande abraço

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  4. Pois é, um passo de cada vez...
    O corpo pede um pouco mais de alma, pois a vida não pára...e havemos sempre de ir aprendendo a sermos melhores almas.

    Gosto tanto dos posts daqui e dos comentários, assim deixo um "miminho" a todos:

    http://www.youtube.com/watch?v=sXmWAOIWg3w&feature=youtu.be

    beijinhos e viva a alma!

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    1. aNaTureza: ADOREI o miminho!

      Não te consigo exprimir o quão na mouche esta música foi neste momento da minha vidinha e o bem que me fez.
      "O corpo pede um pouco mais de alma, pois a vida não pára...", mesmo!
      Obrigada, a sério! :-)

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    2. aNaTureza
      Faço minhas as palavras da Sónia. Que bem me fez esta música do Lenine (tenho andado a ouvi-la desde que li as suas palavras) e como sabem bem os seus mimos. Estava aqui a pensar em retribuir um pouquinho com um pequeno vídeo que vi ontem e gostei muito. Aqui fica com um abraço de gratidão http://www.youtube.com/watch?v=0twYQY7H7nU&feature=player_embedded#!

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    3. Confesso que abri o embrulho da prenda alheia, mas só posso dizer que vale muito a pena! :-)

      P.S.: Teresa, adorei a "sintonia" primata! ;-)

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