sábado, 12 de janeiro de 2013

Receber com empatia



“Ouvir somente com os ouvidos é uma coisa. Ouvir com o intelecto é outra. Mas ouvir com a alma não se limita a um único sentido – o ouvido ou a mente, por exemplo. Portanto, ele exige o esvaziamento de todos os sentidos. E, quando os sentidos estão vazios, então todo o ser escuta. Então ocorre uma compreensão direta do que está ali mesmo diante de você que não pode nunca ser ouvida com os ouvidos ou compreendida com a mente.”
 Chuang Tzu

A. Goldworthy (imagem tirada daqui)

Esvaziar-nos para recebermos o outro na sua plenitude. Esta presença inteira para o outro, a capacidade de dar atenção a alguém que sofre, é muito rara e difícil. Simone Weil dizia que é um milagre.
Quando alguém nos procura para desabafar, falar das suas aflições, a nossa tendência é, em geral, de dar conselhos ou encorajamento e explicar a nossa própria posição ou sentimento. Em vez de concentrarmos plenamente a nossa atenção na mensagem da outra pessoa, preocupamo-nos em encontrar um conselho que a anime, ou uma palavra de alento.
Como nos diz Marshall Rosenberg “acreditar que temos de “consertar” situações e fazer os outros sentirem-se melhor impede que estejamos presentes.”
Quando tentamos compreender intelectualmente o outro, quando escutamos as palavras de alguém tentando relacioná-las com as nossas teorias, estamos a olhar para as pessoas, mas não estamos com elas.
O alicerce da empatia é a presença. Presença é algo distinto de compreensão mental ou de solidariedade. E este é o aspecto fundamental: Embora possamos, ocasionalmente, escolher solidarizar-nos com os outros ao sentir o que sentem, há que ter consciência de que no momento em que estamos a oferecer a nossa solidariedade, não estamos a oferecer a nossa empatia. 
Eis alguns obstáculos à conexão em empatia:
- Aconselhar: “Acho que deverias…”; “porque é que não fizeste assim…”
- Educar: “Isso pode ser uma experiência muito positiva, se tu apenas…”
- Consolar: “Não foi culpa tua, fizeste o melhor que pudeste…”
- Contar uma história: “Isso lembra-me uma ocasião…”
- Explicar-se: “Eu teria telefonado, mas…”
“Não faça nada, só fique sentado” é um ditado budista que pode orientar-nos no aperfeiçoamento da qualidade de presença e escuta do outro: Esvaziar a nossa mente e escutar com a totalidade do nosso ser. 
Como nos diz Thich Nhat Hanh: “O presente, mais precioso, que podemos oferecer, àqueles que amamos, é a nossa energia de compreensão e amor. Aquilo que os outros mais precisam é da nossa compreensão, amor e olhar profundo – não como ideias, mas enquanto realidade viva.”






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