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“Como estás?” é, geralmente, a pergunta que fazemos quando
nos cumprimentamos ao encontrar-nos. Que pergunta importante, esta! Que
presente imenso ser capaz de saber, a cada instante, aquilo que está vivo em
nós.
Teremos consciência da importância desta questão? Do quanto
nela está o nosso verdadeiro encontro? Exprimimos, com honestidade, aquilo que
está vivo em nós naquele momento? Estamos atentos à resposta? Estamos atentos à
vida, de cada instante, daquele que cumprimentamos?
Como estás?
É verdade que perguntamos sempre isso, mas a verdade é que também respondemos sempre "Bem e tu?" mesmo quando não estamos. Porquê? Porque não queremos incomodar, porque não queremos falar ou por uma séria de questões que não sabemos bem definir. Como é suposto mudar isso?
ResponderExcluirSim, Mariana, geralmente respondemos que está tudo bem quase mecanicamente. Vivemos apressados, não paramos para nos olhar, olhos nos olhos, na empatia do coração e trocamos saudações sem disponibilizar o nosso tempo para o verdadeiro encontro.
ExcluirE sim, Mariana, talvez respondamos que está tudo bem porque não queremos incomodar, ou porque não queremos ou não temos tempo para prosseguir com a conversa.
Creio que é a consciência de cada minuto que podemos ganhar (e não perder) que devemos ter quando nos encontramos. E de como podemos ajudar a consciencializar quem nos rodeia de tudo o que nele está vivo quando perguntamos: Como estás? Porque também há quem não responda desta forma. Porque também há quem pare porque tem uma necessidade imensa de ser ouvido, mas depois não tem quem o escute. Não tem quem o escute com o coração, quem preste atenção não apenas ao que diz, mas ao seu ser na totalidade, ao que é, ao que sente. E diz: "Bem e tu?"
Sabes, Mariana, já tenho repetido várias vezes umas palavras de Ricardo Ros que me acompanham a cada dia: "O meu compromisso com a vida consiste em fazer com que o meu tempo, o tempo que me está reservado, reverta nas pessoas que amo através do tempo que lhes dedico. Perder o tempo é desperdiçar a minha capacidade de dar-me aos demais. Quando dou o meu tempo aos demais, quando lhes dedico o meu tempo, o meu tempo é infinito e a minha vida perdura ao longo do tempo."
Quando queremos estabelecer uma verdadeira ligação, um verdadeiro encontro há que "ganhar o tempo". Talvez, também, a seguir à pergunta "como estás?" devessemos pedir, como sugere Robert Holden no seu livro Be Happy,que nos falem dos seus "títulos espirituais", as suas verdadeiras notícias e não apenas conversa de circunstância: O que está a acontecer de importante nas suas vidas naquele momento, aquilo que tem significado e que esteja a acontecer, os desafios e aquilo que é maravilhoso.
A pergunta "como estás?" exige uma resposta com tempo e consciência do presente enorme que é o de expressar com honestidade aquilo que está vivo em nós naquele momento e exige a capacidade de escutar com tempo e de coração aberto o que o outro nos quer transmitir. Incrível a exigência de uma pergunta tão simples, não é? Mas muito gratificante quando dela nos consciencializamos.
Muito obrigada, Mariana, pelas reflexões que me suscitaram as tuas palavras e por as teres verbalizado aqui. Abraço grande e feliz semana!
Penso, Teresa, que não temos consciência da importância desta pergunta; fazêmo-la, mas não sei se estamos dispostos a escutar a resposta do outro. Muitas vezes fazemos a pergunta e nem paramos, tão grande é a pressa e penso também que é aqui que entra a tal da espiritualidade. Tenho uma religião, aquela na qual os meus pais me criaram. Hoje não dou valor ao nome das religiões, e, sinceramente, não me interessam; interessa-me sim a espiritualidade e isso para mim não tem nada a ver com religião. Tem a ver, na minha opinião com a capacidade que temos de olhar a essência do outro, de procurar ver no nosso semelhante aquilo que relamente ele é, ele sente, ele necessita; é termos a capacidade de procurar encher o nosso eu de essência, vivendo cada dia com o coraçao aberto, diponível para a vida, para a natureza, para os que nos cercam. Cada ser humano é um ser espiritual e temos que o ver como tal, tratando-o com respeito, respeitando as suas ideias, as suas crenças e ajudando-o , se preciso for a melhorar como ser humano; não é com criticas, preconceitos e julgamentos que o conseguiremos, mas sim dando-lhe o que de melhor tivermos em nós... atenção, compreensão...Mas, para conseguirmos fazer isso temos que cuidar da nossa própria espiritualidade e essa não está lá no céu, nem em uma qualquer divindade a quem rezemos e peçamos que nos ajude neste ou naquele problema; essa espiritualidade está dentro de nós e de dentro de nós deve saír para o exterior sabendo escutar o outro, sabendo enxergar os problemas dele e estendendo a mão para que em nós se apoie se precisar. Para tudo isto há que ter tempo, ou melhor, há que saber dimimuir o passo, estar mais atento ao que encontramos pelo caminho dando valor àquilo que é mais valioso que são os afectos, os pequenos gestos. Com certeza já conheces, mas Rubem Alves disse:
ResponderExcluir"...Sem tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.”
Penso Teresa que aqui está o fundamental na nossa espiritualidade: o tempo é escasso para debater rótulos...Devemos querer a essência, pois a nossa alma tem pressa...tem necessidade de essência e a dos outros também. Um beijinho, amiga e parabéns pelo post, cheio de essência
Emília
É exatamente o que penso, Emília,"não temos consciência da importância desta pergunta; fazêmo-la, mas não sei se estamos dispostos a escutar a resposta do outro."
ExcluirE é justamente aqui que, como diz, entra a espiritualidade: Esse olhar mais amplo que abre para uma comunhão amorosa com o outro. Esse olhar que nos revela a totalidade do que somos, na nossa essência e numa dimensão maior que nós. Este olhar exige tempo. Há, como diz, "que saber dimimuir o passo, estar mais atento ao que encontramos pelo caminho dando valor àquilo que é mais valioso que são os afectos, os pequenos gestos." Há que "ganhar o tempo". Abraço grato e amigo