sábado, 28 de janeiro de 2012

Moai e Ikigai

"Da mesma forma que um dia bem vivido traz uma noite feliz, uma vida bem vivida traz uma morte feliz. "
Leonardo da Vinci



Envelhecer bem: Um processo que se aprende e prepara desde a mais tenra idade. Manter a curiosidade, viver intensamente cada momento que passa, enriquecer interesses, cultivar o bom-humor, fazer uma alimentação equilibrada, treinar a memória, investir nas relações de amizade, planear, estabelecer objectivos... São, justamente, estes últimos factores que possibilitam grande parte da dimensão positiva do envelhecimento.
O grande sentido para a nossa existência adquire-se, fundamentalmente, através dos laços fortes que vamos conseguindo estabelecer ao longo da nossa vida e dos projectos/objectivos a que nos propomos: Moai e Ikigai são as bases de sustentação de uma vida plena de sentido e de uma velhice bem sucedida. 
Qual é o seu IKIGAI?

domingo, 22 de janeiro de 2012

"Viver mais devagar para existir mais profundamente"

"À medida que se envelhece, vão morrendo os neurónios da ansiedade. A velhice traz liberdade". 
Leonard Cohen



Envelhecer bem significa agarrar firmemente todas as oportunidades da idade: Um apuramento da inteligência emocional e sabedoria, uma “autoplasticidade adaptativa” (que conduz a uma selecção, optimização e compensação como estratégias comportamentais), uma maior segurança em nós mesmos, uma menor impulsividade e influência da ansiedade, uma melhor aceitação das contrariedades, uma capacidade selectiva  na retenção das recordações que estão ligadas a experiências positivas, em detrimento das negativas, reveladora de uma imensa sabedoria emocional.
E depois… a sensação de finitude impede-nos de perder tempo. Este vale agora mais e reclama contra o desperdício.
Esta consciência permite-nos acreditar no grande valor que os idosos representarão nas sociedades do futuro. Como diz Fernando Dacosta “viver-se-á mais devagar, nelas, para se existir mais profundamente, viver-se-á mais despojado para se ser mais equitativo. O avanço que os idosos estão a conseguir é um legado, para quem o souber ver, de acrescentamento, de esperança.”

Curiosidade na velhice


“Fora de Portugal olhava numa estação televisiva americana a entrevista feita a uma glória da literatura anglo – saxónica, então com 86 anos.
A jovem jornalista de microfone agressivo em punho, disparava perguntas sobre perguntas à Senhora, elegantemente vestida, com um belo cabelo louro-prateado, sóbria de jóias nas mãos patrícias, sentada com distinção natural, no jardim de uma daquelas mansões do período colonial que costumava ver nos filmes de época de Hollywood. Com paciência e até alguma complacência, foi respondendo à revoada de questões sobre as suas obras, muitas delas já adaptadas a filmes, sobre prémios e outras distinções recebidas (…)
Até que a irrequieta jornalista disparou a pergunta fatal que em português seria, mais ou menos, assim: Nesta sua idade avançada, o que é que a faz correr e amar a vida (que, subentendia-se, vai terminar em breve)?
A Senhora levantou-se, quase sem dificuldade, deu uns passos no jardim, para indicar que a entrevista estava terminada, voltou-se com uma expressão facial de irónica comiseração, disse apenas: Curiosity.”
Daniel Serrão


Não se espera, em geral, que os idosos, com toda a sua vivência, ainda revelem curiosidade. A curiosidade é a chama que ilumina a intensidade de cada momento vivido e a capacidade de nos espantarmos incessantemente com o pulsar de cada novidade pode existir em qualquer idade, mas na velhice torna-se um legado profundamente inspirador.

domingo, 8 de janeiro de 2012

BOA SEMANA!

No final de 2010 sugerimos aqui uma mudança para 2011. Para 2012 relembramos esta proposta e acrescentamos a de Matt Cutts: Arriscar algo novo que sempre desejamos fazer durante trinta dias. Vamos experimentar?
BOA SEMANA!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Uma oportunidade imensa

A situação demográfica actual coloca grandes desafios à Europa e Portugal: A Europa é a região mais envelhecida do mundo e Portugal um dos países mais envelhecidos da Europa. Segundo o Índice de Envelhecimento das Nações Unidas (representa o nº de pessoas com mais de 60 anos por cada 100 pessoas entre os 0-14 anos) prevê-se que em 2050 as pessoas com mais de 60 anos sejam o dobro das crianças ou jovens entre os 0-14 anos.
E no entanto… Vivemos numa época que privilegia o “novo”, a energia e vitalidade da juventude acima de tudo. Uma época em que interiorizamos, desde muito cedo, estereótipos negativos associados ao envelhecimento. O preconceito contra as pessoas idosas é bem ilustrado na polémica instalada antes do lançamento do filme UP. Os investidores questionavam seriamente o êxito do filme e os produtos de marketing a ele associados, tendo havido mesmo uma corrida à venda das acções da Disney neste período. Os fabricantes de brinquedos não acreditavam que as crianças estivessem interessadas em brincar com um idoso de 78 anos…
Quando o filme foi lançado todos os receios se revelaram infundados. O êxito de bilheteira do UP é, portanto, um bom indicador de que as nossas sociedades estão abertas à mudança.

O Ano Europeu do Envelhecimento Activo representa um marco na aposta em políticas que promovam um envelhecimento mais saudável e produtivo. No entanto, este envelhecimento não deverá surgir como uma imposição, mas como uma opção, ou seja, as pessoas idosas só deverão desempenhar determinados papéis se assim o desejarem.

O esforço da U. E. é, sem dúvida, louvável, mas a grande mudança ideológica que se nos impõe é muito mais abrangente e passa por uma estratégia activa em termos educacionais, pela promoção de acções intergeracionais, pela consciencialização da nossa responsabilidade no combate a certas tendências enraizadas e na promoção de uma sociedade mais aberta e inclusiva.

Um exemplo na integração de pessoas idosas é o Japão (e reparem uma sociedade altamente industrializada e tecnologicamente avançada): Em 1989 foi criado o Gold Plan que visava desenvolver serviços e programas que garantissem a segurança e dignidade dos idosos. Além de apostar no desenvolvimento de respostas ao nível social e de saúde inclui também investimento elevado na investigação e na pesquisa da ciência do envelhecimento. Na agenda política dos programas de envelhecimento japoneses o objectivo que surge como fulcral é o da promoção do bem-estar e realização das pessoas idosas - enriquecer o ikigai, ou seja, o sentido e propósito de vida.

Talvez devamos ter estes programas como referência porque a nossa grande mudança deverá ter como alicerce a valorização dos mais velhos nas suas necessidades e aspirações.

Em vez de encararmos o envelhecimento como um problema deveremos perspectivar todos os aspectos positivos que se anunciam, entre eles a oportunidade única e imensa de vivenciarmos a partilha de experiências entre as diferentes gerações que se vão encontrar pela primeira vez na História.
Fonte: Discriminação da Terceira Idade, Sibila Marques