segunda-feira, 2 de maio de 2011

NUNCA É TARDE PARA MUDAR

          "Há cerca de vinte anos, a afirmação de que na hora do nascimento, o cérebro já contem todos os seus neurónios, e que este número não é alterado pelas experiências vividas, constituia um dogma genericamente aceite pelos investigadores das neurociências. Actualmente, sabemos, pelo contrário, que  até ao momento da morte, se verifica a produção de novos neurónios, difundindo-se até o conceito de neuroplasticidade que dá conta do facto de o cérebro evoluir continuamente em função das suas experiências, podendo ser profundamente transformado na sequência de um treino específico, como a aprendizagem de um instrumento musical ou de um desporto, por exemplo. Ora, a atenção, o altruísmo e outras qualidades humanas podem também ser cultivadas, dependendo igualmente de um saber-fazer que é possível adquirir."
Matthieu Ricard



Acreditar na capacidade de mudar pode tornar, só por si, muito mais fácil a mudança. E há boas razões para acreditar: Os nossos cérebros são plásticos, sempre a estabelecer novas ligações.As qualidades humanas podem ser deliberadamente cultivadas mediante um treino mental. Realce-se que muita da flexibilidade da personalidade do adulto acontece no contexto de novos desafios. Os desafios estão aí, a nossa capacidade de transformação também.

10 comentários:

  1. ... eu acredito... e luto por isso. Nada me dá mais gosto do que aprender, mais e mais. Acerca do mundo, das coisas dos outros, de nós mesmos...
    atenção, interiorização, descoberta, reformulação, transporte para a vida...
    ...um dia, quando sentir que tenho tempo, conto como foi fantástica a experiência de voltar ao conservatório aos 43 anos de idade... e não tendo como objectivo, ser pianista nessa fase de vida, aprendi muito sobre a relação corpo, mente, espírito e sobretudo sobre mim mesma. Foi fantástico.
    É realmente importante nunca desistirmos de aprender... mantermo-nos receptivos e aumentar o que pudermos essa Neuroplasticidade que nos beneficia e consequentemente aos outros, creio.
    Obrigada pelo tema. Como sempre, tão importante.
    Isabel

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  2. Querida amigas.

    Penso que mudar
    é antes de tudo acreditar
    na vida.

    Fiquei muito emocionado
    com o comentário sobre o poema
    E POR FALAR EM ESTRELAS...

    Mãe inspira sempre.
    Vida que se faz plenitude em
    nossa vida.

    Que o amor esteja sempre
    em ti.

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  3. Interessantes o video e texto. Gostei do " fitness mental". Acredito que podemos sempre aprender independentemente da idade; se não fosse assim, não tinha começado a lidar com os computadores aos 51 e pouco tempo depois iniciado um blog. Acredito que precisemos de mais esforço mental para aprendermos certas coisas, mas é esse esforço que vai fazer com que o nosso cerebro se desenvolva; se quisermos podemos mudar, tentando aprender todos os dias alguma coisa nova; não podemos é achar que não somos capazes; somos sim...é só tentar as vezes que forem precisas até aprendermos. Desistir é fazer com que o nosso cerebro enfraqueça mais um pouco; com a tentativa, com o treino mental damos ao nosso cerebro a capacidade de evoluir. Obrigada pelo tema tão importante. Estarmos sempre atentos e receptivos ao que nos rodeia é dar juventude ao nosso cérebro. Um beijinho e ...fiquem bem!
    Emília

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  4. Creia com todo o carinho e sinceridade, que todos dias aprendo,sempre qualquer coisa, hoje por exemplo, depois de uma conversa, fiquei mais segura, fez-me pensar, com mais clareza, desenvolvi um pouco mais.
    às vezes fazemos barreiras, criamo-las, é quase como uma defeza.
    Nunca é tarde para desenvolver de aprender seja qual for, o mais variado tema.
    A meditação ajuda o desenvolvimento, é uma forma de dar vida aos nossos neuronios, não os deixamos envelhecer.
    Até breve
    Herminia

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  5. Passe lá no meu blog.
    Se gostar, me siga.
    Felicidades, hoje e sempre.
    Abraços,
    João.

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  6. Isabel
    Bem sei o quanto lutas, o quanto vives uma aprendizagem incessante e por isso acreditas nesta capacidade de mudança. Será este acreditar que nos levará a agir para emergir do "mundo em que vivemos" para o "mundo em que queremos viver."
    Bem hajas Isabel!

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  7. "Vida que se faz plenitude em
    nossa vida."
    Obrigada Aluísio. Muito, do coração e sempre.

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  8. Também gostei muito do "fitness mental", Emília e mais: Acredito que, como diz Fernando Dacosta, com a idade "vive-se mais devagar para existir mais profundamente". Hoje deixo-lhe um texto do livro Eco silencioso de João Lobo Antunes, que postei no meu anterior blog, com o desejo de um feliz domingo.

    “Qualquer que seja a extensão do período de vida plena, gozada em completude de aptidões e capacidades, a verdade é que, como reconheceu Trotsky, a velhice é a coisa mais inesperada que nos acontece e, acrescentaria eu, nunca é fácil. Bette Davies dizia que “envelhecer não é para gente fraca.”
    A velhice surge muitas vezes sorrateira, pé ante pé, e, subitamente, uma mirada de relance ao espelho, uma fotografia tirada à socapa ou a indiscrição de um “vídeo” revelam-nos os estragos do tempo, a articulação perra, o porte alquebrado, a expressão consumida, como lamentou Nemésio. Outras vezes, instala-se de forma brutal, como uma doença súbita, devastadora, frequentemente como consequência de um cataclismo emocional, que se abate sobre nós com o peso de um século (...)
    A verdade é que, inevitavelmente, a expressão limitações da idade tem um sentido negativo, de perda, de progressivo cataclismo social. Por seu lado, limite de idade, tem uma imediata ressonância burocrática de imposição legal, de cessação de funções, de passagem à reforma. É curioso como a expressão reforma sugere a criação de uma outra forma, uma outra encarnação funcional, e na verdade os mais felizes nesse tempo são aqueles que de facto se re-formam.
    O termo jubilação que se aplica a professores universitários e juízes, supõe alegria, que terá como dupla o consolo de chegar ao fim com a tranquilidade do dever cumprido e a alvorada de uma nova época em que, finalmente, se consegue fazer o que nunca fora possível antes. (…)
    Há alterações qualitativas curiosíssimas que permitem olhar a velhice com optimismo. De facto, sabe-se hoje, desmentindo a noção clássica da invariabilidade do número de células nervosas, que a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de gerar novas células e estabelecer novas conexões nervosas, está presente em toda a vida. Esta capacidade de renovação depende em parte do grau de educação e da persistência em actividades mentais complexas.(…)
    Como nota Baltes, há nos velhos um pragmatismo cristalizado, um apuramento da inteligência emocional e da sabedoria, atingindo muitas vezes o cume da excelência humana. Mesmo quando as capacidades declinam, desenvolve-se o que se chama “autoplasticidade adaptativa”, que conduz a uma optimização selectiva como compensação. (…) Aqueles que aplicam selecção, optimização e compensação como estratégias comportamentais sentem-se melhor com eles próprios. (…)
    Uma outra descoberta das neurociências relativamente à memória é para mim fascinante. Embora a memória decline com a idade, os velhos retêm melhor as recordações que estão ligadas a experiências emocionalmente positivas que negativas, revelando assim uma espécie de sabedoria emocional. (…)
    Quando o horizonte temporal parece encurtar-se, os objectivos orientam-se mais para o bem-estar psicológico e para aquilo que encerra valores emocionais positivos.”

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  9. Hermínia
    Estas palavras de Mattieu Ricard vêm realmente no contexto da razão de ser última da meditação: A da transformação da pessoa para melhor transformar o mundo, ou tornar-se um ser humano melhor para melhor servir os outros.
    Consiguemos ser a "mudança que queremos ver no mundo". Um grande abraço.

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