"Sê plenamente o que és, meu caro amigo, e torna-te contagiante. Nem aquém, nem além de ti, senão no teu íntimo mesmo, luz do olhar dos próprios olhos. Tu és isso!
Cada pessoa, o dever que tem na vida é ser plenamente aquilo que é e tornar-se contagiante, não no sentido de converter os outros àquilo que ele é – a tentação de muita gente é essa -, mas de os outros serem exactamente aquilo que são: Eles próprios!"
Agostinho da Silva "As flores têm a sua própria cor, textura, cheiro. Nem todo o tipo de flores nasce em qualquer clima ou solo. A sua cor, textura, cheiro são originados de forma orgânica a partir de um meio sócio-histórico e cultural particular (...).
As flores de plástico não precisam de um solo ou clima específicos. Por vezes parecem reais. Mas nunca se poderão sentir como flores reais."
John Samuel Quantas pessoas à nossa volta sofrem em silêncio por sentirem que fogem aos "padrões da normalidade", por terem receio do julgamento alheio relativamente às suas escolhas? Em muitas circunstâncias, não fomos preparados, desde pequenos, para uma aceitação do outro, para estabelecer pontes, dialogar, para conviver com a diferença. E no entanto, cada um de nós é único. A autenticidade é o alicerce da nossa liberdade. A riqueza do nosso planeta reside na diversidade. É na aceitação plena das diferenças sociais, religiosas, raciais que reside um dos grandes desafios do nosso século.
Sou, como já disse, um livro aberto. Não consigo ser " politicamente correta"; aprendi com o passar dos anos a ser mais assertiva, isto é, quando não vale a pena, fico calada, mas se tenho de fazer isso, procuro não conversar com pessoas com quem tenho de ter essa atitude. Adoro ficar sentada num café a conversar, mas, só o faço com pessoas que são autênticas, que dizem o que pensam e não aquilo que acham que eu quero ouvir. Tenho amigos que sei que o são de verdade, mas, confesso, não consigo ficar muito tempo a conversar com eles, porque só eu falo e tudo o que eu digo está certo; como costumo dizer, dizem" amen" a tudo o que ouvem de mim. De certeza que não estão a dizer o que pensam, pois a minha opinião não coincide com a delas sempre; isso é impossível.Nos jardins há margaridas, girassóis, rosas e muitas outras flores; os girassóis, por exemplo, nasceram no mesmo lugar, forma cuidados pela mesma pessoa; pois até quando erguem a cabeça para procurar a luz não o fazem da mesma maneira. Neste aspecto sou contagiante na medida em que faço sempre questão de mostrar às pessoas com quem convivo que sou autêntica, que gosto que digam o que pensam e que não sei dizer aquilo que não penso, embora hoje o faça com mais cuidado do que em tempos, pois a vida ensina. Há dias uma senhora que conheço há anos veio-me contar uma coisa que fez e que eu achei de uma desumanidade tremenda, pois tratava-se de um jovem com deficiência; ela veio cá com o intuito de ver se eu a apoiava, mas, por mais que explicasse os motivos, ouviu de mim sempre a mesma coisa; pedi-lhe muita desculpa e disse-lhe que não mudaria de opinião, que continuaria a achar que teve muita falta de compaixão; que ela tinha o direito de fazer o que achava melhor, mas que denunciar uma pessoa à polícia por uma coisa que fez sem ter noção, pois tem problemas mentais era de uma desumanidade atroz; sei que não gostou, mas, apesar de ter sabido que ninguém apoiou a atitude dela ( várias pessoas assistiram ) nem por isso retirou a queixa. A mãe do rapaz anda desesperada, pois ainda por cima dizia-se amiga. Sei que não ficou satisfeita, mas eu não ficaria bem se não fosse eu mesma, se não dissesse o que me ia na alma. Ela sabe que sou assim, mas acho que o peso na consciência a levou a arriscar ouvir o que eu pensava.. Sinceridade, autenticidade, simplicidade, são as coisas que mais aprecio numa pessoa. Um beijinho e mais uma vez, parabéns pelo tema. Um bela semana.
ResponderExcluirEmília
Oi Emília
ResponderExcluirEngraçado estarmos online (sem sabermos): A Emília a comentar e eu a acrescentar algumas palavras a estas citações que ontem não tive oportunidade de fazer (e acabei por só deixar as citações no post porque pensava que hoje não iria dar para vir aqui). A 2ª citação foi-me dada numa acção de formação que estou a fazer sobre cidadania e depois lembrei-me de uma entrevista de Agostinho da Silva:
"Uma das coisas que o Professor tem afirmado é que falta cumprir a nossa vocação…
- Claro, falta cumprir a vocação de quase todos. Quase todas as pessoas, se mergulham no interior de si próprias nesta ou naquela circunstância, vêm a achar que o que elas desejariam era ter sido isto, aquilo ou aqueloutro. Dizem, infelizmente, as condições da vida desde que nasceram – até que afinal morrem – nunca lhes permitiram realizar tal sonho. Então nós estamos enterrando gente viva, sabe a senhora? O que estamos fazendo no mundo é enterrar gente viva, destruí-la. Então, o que precisamos é de assumir essa tarefa de ver quais são as condições para que mais gente viva em liberdade.
- E a liberdade para o Professor o que é?
É a liberdade de se ser completamente aquilo que se é. Outro dia, um amigo que estava numa terra do interior e que me perguntava o que devia fazer lá, porque estava numas certas condições de disponibilidade, sabe o que é que eu lhe disse? Faça o favor de ser o que é e de se tornar contagioso."
E lembrei-me também de um post da Emília no "Começar de Novo" acerca da intolerância: Essa predisposição natural para querermos impor as nossas convicções quando nos sentimos ameaçados nos nossos interesses ou projectos de vida. Quantos se afastam daqueles que têm uma cor de pele diferente da sua, dos que falam uma língua que não entendem, dos que não cumprem determinados códigos sociais. E tanto e tanto que me fui lembrando que não tinha directamente a ver com a citação que me foi dada na acção, mas tão relacionado, afinal.
Obrigada Emília por ser contagiante. A nós já nos contagiou! Um abraço e que a felicidade seja contagiante sempre na sua vida.
Coincidências interessantes! Mas isso é bom! É sinal de que estamos com o mesmo propósito e isso deixa-me feliz, pois este assunto me preocupa e deixa-me...bem...irritada com tantas intolerâncias e falta de autenticide. Um beijinho e...é verdade, combinem com a Isabel o nosso encontro, pois a Hermínia e eu somos mais desocupadas e pt mais disponíveis. Gostaria muito que a esse encontro se juntasse a Joana do " caminhando". Há muito que lhe prometemos um encontro. Essa menina segue o começar de Novo desde o inicio. Adoro o cantinho dela. Muitos beijinhos e até breve
ResponderExcluirEmília