“Ouvir somente com os ouvidos é uma coisa. Ouvir com o intelecto
é outra. Mas ouvir com a alma não se limita a um único sentido – o ouvido ou a
mente, por exemplo. Portanto, ele exige o esvaziamento de todos os sentidos. E,
quando os sentidos estão vazios, então todo o ser escuta. Então ocorre uma
compreensão direta do que está ali mesmo diante de você que não pode nunca ser
ouvida com os ouvidos ou compreendida com a mente.”
Chuang Tzu
Esvaziar-nos para recebermos o outro na sua plenitude. Esta
presença inteira para o outro, a capacidade de dar atenção a alguém que sofre,
é muito rara e difícil. Simone Weil dizia que é um milagre.
Quando alguém nos procura para desabafar, falar das suas
aflições, a nossa tendência é, em geral, de dar conselhos ou encorajamento e
explicar a nossa própria posição ou sentimento. Em vez de concentrarmos
plenamente a nossa atenção na mensagem da outra pessoa, preocupamo-nos em
encontrar um conselho que a anime, ou uma palavra de alento.
Como nos diz Marshall Rosenberg “acreditar que temos de “consertar”
situações e fazer os outros sentirem-se melhor impede que estejamos presentes.”
Quando tentamos compreender intelectualmente o outro, quando
escutamos as palavras de alguém tentando relacioná-las com as nossas teorias,
estamos a olhar para as pessoas, mas não estamos com elas.
O alicerce da empatia é a presença. Presença é algo distinto de compreensão mental ou de solidariedade.
E este é o aspecto fundamental: Embora possamos, ocasionalmente, escolher
solidarizar-nos com os outros ao sentir o que sentem, há que ter consciência de
que no momento em que estamos a oferecer a nossa solidariedade, não estamos a
oferecer a nossa empatia.
Eis alguns obstáculos à conexão em empatia:
- Aconselhar: “Acho que deverias…”; “porque é que não fizeste
assim…”
- Educar: “Isso pode ser uma experiência muito positiva, se
tu apenas…”
- Consolar: “Não foi culpa tua, fizeste o melhor que pudeste…”
- Contar uma história: “Isso lembra-me uma ocasião…”
- Explicar-se: “Eu teria telefonado, mas…”
“Não faça nada, só
fique sentado” é um
ditado budista que pode orientar-nos no aperfeiçoamento da qualidade de
presença e escuta do outro: Esvaziar a nossa mente e escutar com a totalidade
do nosso ser.
Como nos diz Thich Nhat Hanh: “O presente, mais precioso,
que podemos oferecer, àqueles que amamos, é a nossa energia de compreensão e
amor. Aquilo que os outros mais precisam é da nossa compreensão, amor e olhar
profundo – não como ideias, mas enquanto realidade viva.”
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