"Todos os dias, milhares de tesouros chegam até mim a cada momento que passa. Sou abençoado com dádivas ao longo de todo o dia, cujo valor ultrapassa em muito o que consigo conceber. Um irmão sorri para outro e o meu coração alegra-se. Alguém pronuncia uma palavra de gratidão e a minha mente recebe esta dádiva e toma-a como sua."
Um Curso em Milagres
Pessoas que nos
encorajam e inspiram, textos que nos ajudam a caminhar, são, para mim, dos
tesouros mais preciosos que podemos ter. Hoje, relendo cadernos e livros, recordei
algumas dessas grandes riquezas que partilho convosco.
“Que o Sol não se
ponha...
…sobre a nossa ira! Que não passe um dia sequer sobre a nossa zanga. Que ninguém se deite sem ter
reparado o mal que fez. E que o sol não se levante, de novo, sem que tudo
esteja em paz. (…)
Esta ideia de não
adormecer sem ter pedido desculpa a quem ofendemos ou magoámos era um princípio
muito em uso no tempo dos meus avós.
Lá em casa existia
como regra primordial, como lei fundamental que ninguém se atrevia a
transgredir. Todos (e eram muitos) tinham tudo em dia: as contas, os deveres,
os direitos e, até, as zangas. Ninguém se deitava zangado com um irmão, com o
pai, a mãe ou um amigo. O tempo de arrependimento e de pedido de desculpas eram
solenes e observados por todos, sem excepção. Quando o sol se punha estava tudo
em ordem e era nessa ordem que todos acordavam no dia seguinte. E que bom era
este ritual, que aconchego havia naquela realidade real de haver um tempo para
tudo, mas especialmente para desfazer o que ficaria mal feito, de “dar o braço
a torcer”, de emendar e fazer de novo.
Guardo esta sabedoria
dos meus avós (que, aliás, davam o exemplo começando por aplicar o princípio a
eles próprios, pais de três filhos) como um tesouro precioso. Como parte de uma
herança que recebi e tem um valor incalculável. Mais do que quaisquer bens
materiais valorizo os bons princípios herdados. Este de não adormecermos
zangados parece-me um dos melhores conselhos que já alguma vez recebi. Nem
sempre é fácil de pôr em prática, mas nunca é tarde para começar a tentar.”
O dragão que todos temos cá dentro
O dragão que todos
temos cá dentro é uma metáfora que me foi transmitida em forma de história por um querido professor. Um
dragão que deita chamas quando se sente irritado. Estas chamas acabam por circundar-nos
a nós próprios, dominando-nos, destruindo-nos, quando somos nós que temos de
dominar o dragão…
Um dos maiores
tesouros que podemos ter é a paz de espírito e nada a pode destruir excepto a
nossa irritação. Se não fizermos um esforço para diminuir a raiva, ela
continuará connosco e aumentará, até ao ponto em que o mais pequeno incidente
nos põe imediatamente em cólera.
E... Não esqueçamos que: “A insatisfação é a semente da cólera.” Há que
cultivar o seu antídoto: a capacidade de encantamento, o entusiasmo pela vida.
Porque… Há tesouros escondidos por toda a parte.
Tesouros escondidos
- Porque é que estás a escavar um buraco?
- Estou à procura de tesouros escondidos!
- Que encontraste?
- Umas quantas pedras sujas, uma raiz esquisita e uns vermes nojentos.
- Logo na primeira tentativa?
- Há tesouros por toda a parte!
Calvin
& Hobbes
Como nos diz José
Tolentino Mendonça citado num livro, acabado de ser editado, que recomendo
vivamente para estas férias (Envelhecer Sem Ficar Velho de Maria José
Costa Félix):
“… Uma vida em que vamos fazendo coisas, que
até podem ser boas e necessárias, mas onde se perdeu a capacidade de espanto,
de contemplação… vai-nos afastando de caminhos que permitam ao olhar tatear a
plenitude… E, sem sentirmos esse momento extasiado de pura gratuitidade em que
inscrevemos o tempo na eternidade…, aquilo que criamos fica incompleto.”
Que encontrem
inúmeros tesouros, inscrevendo o tempo destas férias na eternidade, é o que vos
desejamos.
BOAS FÉRIAS!