domingo, 17 de março de 2013

Ser clown




ELLIOT, clown









http://www.highplay.pt/areavideos/?videos=29&temas_videos=0


O clown é o palhaço cénico, sutil na sua apresentação, característica que o diferencia dos demais palhaços reconhecidos por meio do nariz vermelho que funciona como uma máscara, com um significado que, de certa forma, lhes oculta a face. A máscara do clown vem para mostrar, revelar, expandir a face e, ao mesmo tempo, o corpo. O clown também se distingue pelo seu modo diferenciado de comunicar, de andar, vestir e maquilhar. Cada clown é único e com cada um podemos aprender muito sobre a comunicação, a aceitação das nossas fragilidades, a expressão de quem realmente somos, a generosidade, a emoção, o prazer, a autenticidade, a humanidade.

3 comentários:

  1. Excelente, Teresa, este vídeo. Fiz bem em decidir-me vir cá hoje, pois foi um momento de boa disposição, mas ao mesmo tempo de muita profundidade. Nunca tinha pensado na diferença entre o palhaço e o clown; para mim eram exactamente a mesma coisa; os dois eram divertidos palhaços. Aquele que tradicionalmente conhecemos, parece sempre alegre, mas quantas vezes por trás daquelas pinturas não está um ser demasiado triste com grande vontade de chorar? Os dois tentam transmitir-nos a alegria tão importante no nosso dia a dia, mas essa alegria que devemos colocar em todas as nossas acçõee, essa positividade, esse discurso perante os factos e as pessoas, devem ser feitos, sem nos escondermos atrás de uma qualquer máscara; Somos únicos e não devemos ter medo de mostrar a nossa unicidade, as nossas diferenças na maneira como demonstramos os nossos sentimentos e os oferecemos aos outros, sejam eles a nossa alegria, a nossa dor, a nossa fraqueza, as nossas emoções. Sempre com muita autenticidade nos devemos dar e mostrar aos outros e a nós mesmos. Por acaso eu não consigo ser o palhaço e se calhar nem clown. Quando estou triste isolo-me, pois não consigo transmitir qualquer tipo de alegria aos outros e então acho melhor ficar no canto; sei que não serei boa companhia e que todos perceberão. Aliás, penso que até os que melhor me conhecem no mundo dos blogs percebem que, quando apareço e não escrevo ou escrevo pouco isso quer dizer que a alma está inquieta, preocupada. Com certeza que a Teresa percebeu isso, não? Mas, sabe, esta minha autenticidade é uma das qualidades que me agrada muito, embora reconheça que às vezes me prejudica. Quando faço um esforço e saio, às vezes até volto melhor. Mas, como diz o texto, sou assim e assim me devo aceitar, tentando ao mesmo tempo que entre na minha alma muitas mais vezes a alegria do que a tristeza e isso só depende de mim. Já aceitei essa minha característica assim como já aceitei o facto de ser uma alma inquieta. Obrigada, querida amiga por este belo momento. Adorei! Beijinhos e fique bem
    Emília

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    1. Que bom, Emília, poder oferecer-lhe este momento. E que bom lê-la aqui, de novo. Os seus comentários são uma grande riqueza neste blog. E como diz, devemos colocar sempre positividade nas nossas acções, mas somos feitos de luz e sombra, risos e lágrimas: aí reside a nossa autenticidade. Temos o direito à tristeza, não é mesmo? Às vezes aborrece-me, um pouco, esta necessidade que, por vezes, sinto de uma exigência de alegria permanente. Agradecendo muito as suas palavras deixo-lhe este texto da Marta Medeiros.
      A TRISTEZA PERMITIDA

      Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

      Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

      Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

      A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

      Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

      “Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

      Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

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    2. Nem sei como lhe agradecer este texto da Martha Medeiros, porque acho que ela está certíssima. Temos o direito à tristeza e ninguém consegue andar sempre alegre a não ser que finja, mas...se observarmos o olhar vemos que não é autêntica. Já há bastante tempo que me " dou ao luxo " de ficar triste, sem fazer nada, deitada no sofá a tarde inteira aconchegada numa manta fofa; é normal e isso estou a aceitar, porque " já me conheço há anos" e sei que sou assim. Antidepressivos ou outros medicamentos não uso e portanto a tristeza que venha quando quiser...a seguir virá a alegria. Muito obrigada, Teresa, pois este texto ajudou-me a confirmar que o normal é sermos como as marés.

      Quanto à ida a Coimbra, se calhar já não dá para estas férias da Páscoa, ou dá? Diga alguma coisa.
      Beijinhos amiga e boas férias. Descanse muito!
      Emília

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