domingo, 30 de setembro de 2012

Bom dia! Como estás?

imagem tirada daqui

“Como estás?” é, geralmente, a pergunta que fazemos quando nos cumprimentamos ao encontrar-nos. Que pergunta importante, esta! Que presente imenso ser capaz de saber, a cada instante, aquilo que está vivo em nós.
Teremos consciência da importância desta questão? Do quanto nela está o nosso verdadeiro encontro? Exprimimos, com honestidade, aquilo que está vivo em nós naquele momento? Estamos atentos à resposta? Estamos atentos à vida, de cada instante, daquele que cumprimentamos?
Como estás?

sábado, 29 de setembro de 2012

Espiritualidade


“Acho que grande parte dos nossos problemas vem da falta de espiritualidade. Não estou a falar de misticismo, nem de valores religiosos. Falo de coisas simples como a generosidade, entreajuda, idealismo no trabalho, de sabermos como o que fazemos pode ser útil aos outros.”
Leonardo Boff

 Qualquer que seja a nossa definição de espiritualidade, há um ponto comum que nos remete para uma dimensão maior do que o nosso ser físico e do que as nossas necessidades materiais.
Espiritualidade é este olhar mais amplo que nos eleva para lá de tudo o que está dividido, revelando-nos a totalidade do que somos. “Uma atitude de confiança na profundidade do homem, aquilo que no homem supera o homem; aquilo que no homem se mantém aberto a um além do homem.”
Somos, como nos diz André Compte-Sponville, seres finitos abertos sobre o infinito; seres efémeros abertos sobre a eternidade; seres relativos abertos sobre o absoluto.
Espiritualidade é esta abertura ao que nos transcende, este olhar que nos faz ver uma dimensão maior, uma união mais completa com o nosso verdadeiro ser, com os outros e com toda a criação. Um “sentimento oceânico” de fusão num mesmo todo que nos transporta para experiências de mistério e evidência, plenitude, simplicidade, unidade, silêncio, eternidade, serenidade, aceitação e liberdade.


domingo, 16 de setembro de 2012

FLUIR



Todos conhecemos, pelo menos uma vez na vida, a sensação de ser, ao mesmo tempo, únicos e estar imersos na totalidade; de engrandecimento do ser, de uma experiência de transcendência. Seja na partilha de uma alegria colectiva, na dádiva a um projeto ou causa, nos braços do ser amado, numa música que nos arrebata…
Mihaly Csikszentmihalyi denomina esta expansão do ser, esta plenitude que invade o corpo, o coração e o espírito, the flow, “o fluxo”. É como que uma onda que nos transporta para longe das margens do medo, do aborrecimento, de tudo aquilo que nos constrange e limita. A grande descoberta de Mihaly Csikszentmihalyi é ter demonstrado que a experiência de fluxo pode ser programada e repetida para se tornar naquilo que ele denomina “experiência óptima”: O estado de imersão total numa tarefa desafiadora em que a alienação dá lugar ao envolvimento, o encantamento substitui o aborrecimento, o sentimento de resignação é substituído pelo de controle.
Esquiar, fazer voluntariado, nadar, conversar com amigos, cantar num coro, pintar, escrever… As chaves da vivência de uma experiência óptima são: Existência de um desafio claro que concentra completamente a nossa atenção; termos capacidade para responder a esse desafio e recebermos um feedback imediato em relação à maneira como estamos a sair-nos em cada passo da nossa actividade (por exemplo, recebemos um sentimento positivo depois de cada nota correctamente cantada, de cada pincelada dada).
Assim, quando escolhemos algo em que nos investimos na medida das nossas capacidades e da nossa concentração, algo que nos desafia e nos envolve, damo-nos a possibilidade de viver experiências verdadeiramente gratificantes.
Para ser considerada uma “experiência óptima”, a sua actividade preferida deve apresentar as seguintes oito características:
1.     Ser realizável, mas constituir um desafio e exigir uma aptidão particular.
2.     Necessitar a sua concentração.
3.     Ter um objectivo claro.
4.     Fornecer um feedback imediato (saber se começou a ser bem sucedido ou não).
5.     Um envolvimento profundo que exclui qualquer distração.
6.     A possibilidade de você poder controlar todas as suas acções.
7.     Fazer desaparecer a preocupação consigo próprio, "esquecer-se de si".
8.     Alterar a percepção da duração, do tempo.
        
      Fontes:  Vivre - La psychologie du bonheur, Mihaly Csikszentmihalyi
                  Psychologies

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Wabi Sabi - A Arte da Imperfeição



Wabi sabi é uma expressão japonesa, quase intraduzível, que define a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. Uma forma de "ver" as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade.
O conceito terá surgido por volta do século XV. Um jovem chamado Sen no Rikyu (1522-1591) queria aprender os complicados rituais da Cerimónia do Chá e foi procurar o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou-o varrer o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim até que não restasse uma única folha fora do lugar. Ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas exemplarmente arrumadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu, chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão. Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu tornou-se um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi-sabi: a arte da imperfeição.
Um dos ensinamentos da historia de Rikyu é que estes mestres japoneses conseguiram perceber que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que não impeça a revelação da verdadeira natureza das coisas. "Perceber a beleza que se esconde nas frestas de um mundo imperfeito é uma arte." 
No nosso mundo real, aqui e agora, que tal abrir os olhos para a beleza das coisas imperfeitas?

Fonte: http://claudiomar-slides.blogspot.pt/2011/06/wabi-sabi-arte-da-imperfeicao.html